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Espécies Nativas são indicadores ambientais
Espécies Nativas são indicadores ambientais
13/10/2003 10:04:34
por Coordenadoria de Comunicação Social

Nesta época do ano, soma-se a beleza do Cerrado e Pantanal mato-grossense, a floração de uma das espécies nativas de orquídeas mais procuradas pelos colecionadores, a Cattleya Nobilior. De coloração lilás, a flor cujo formato se assemelha a uma estrela, motiva um grande apelo comercial.

A beleza, neste caso, é caracterizada como fator de risco, tendo em vista que Orchidaceae, como a Cattleya Nobilior, são espécies nativas que precisam de condições específicas de clima para sobreviver, e ao serem retiradas do seu habitat natural são submetidas a vulnerabilidade.

O alerta é do professor da Unemat, Anderson do Amaral, mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, que há mais de 12 anos estuda as orquidáceas. Ele explica que essas espécies são denominadas epífitas, organismos que vivem sobre outras plantas (hospedeiras) sem drenar água ou nutrientes de seus tecidos vivos.

Sua ocorrência é determinada pelas condições de luminosidade e outros fatores climáticos, tendo grande ligação com as características das árvores hospedeiras, no que se refere, por exemplo, a casca. “Todas as características físicas ou químicas da casca são importantes na determinação da presença ou ausência das orquídeas. Quanto mais a casca for rugosa maior a possibilidade de apresentar reservas de nutrientes e mais fácil a fixação da semente”, explica Amaral, apontando indicativos da relação entre as epífitas e as espécies hospedeiras, resultado de uma pesquisa desenvolvida por ele na gleba Facão em Cáceres.

O trabalho desenvolvido como tese de mestrado, apontou o ipê amarelo, ipê roxo e aroeira como sendo as principais espécies hospedeiras da região. E indicou também o lugar da árvore onde são encontradas as orquídeas. “Na pesquisa verificamos que as orquídeas não estão presentes em qualquer parte da copa da árvore. Elas são encontradas especificamente na região mediana da copa, próxima às primeiras bifurcações dos galhos, onde há uma menor intensidade de luz, e a casca está mais desenvolvida”, afirma Amaral.

Reação em cadeia

O grande valor comercial de espécies hospedeiras como ipê e aroeira, cuja madeira é utilizada na construção civil e outras atividades, expõe essas árvores a situação de risco e como conseqüência aumenta a vulnerabilidade das orquídeas a ação humana.

Outro fator que causa, negativamente, reação em cadeia entre árvores hospedeiras e orquídeas são as queimadas, bastante recorrente no Estado de Mato Grosso, em particular na região do Cerrado.

“Praticamente você não encontra orquídeas analisando os troncos das árvores até cerca de um metro de altura, em função das queimadas que eliminam todas as plantas que nascem”, conta Anderson, explicando que a destruição não se limita aos organismos que estão no solo “mesmo quando a chama não atinge a orquídea, o calor que sobe pela copa da árvore resseca a planta e acaba matando-a”, completa.

Indicadores ambientais

A Universidade do Estado de Mato Grosso fomenta diversos trabalhos de pesquisa tendo como tema as Orquidáceas. Isso se dá pelo fato dessas espécies constituírem-se em indicadores ambientais, cujos conhecimentos são geradores de outras discussões como conservação ambiental e uso sustentável de recursos naturais. “Quando você modifica uma área, um dos primeiros organismos que vai sentir essas modificações são exatamente as orquídeas. Elas podem ser utilizadas como diagnóstico para mostrar o grau de alteração sofrido”, explica Marques.

No caso específico da Cattleya Nobilior, a motivação é pautada na necessidade de conhecer e estudar a biodiversidade local.

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